sexta-feira, 21 de junho de 2013

Do otimismo...

Com tudo o que está acontecendo no país, é a primeira vez que me sinto no dever de saber o que se passa, nunca tive a concepção de que eu precisasse estar a par do que acontece, acreditei que as coisas caminhariam por si, tendo eu ou não opinião do rumo que deveriam tomar. 
Contudo, é negligente demais ficar iminente em opiniões rasas quando os jovens, como eu, mobilizaram tanta gente em prol do que acreditam.
Cientes ou não do que estavam fazendo, chamaram a atenção de pessoas como eu, que sempre estive preocupada em construir o meu futuro, formação, carreira, família e que nunca me dei conta que as questões políticas e sociais estão ligadas a isso diretamente. 
Demorei algum tempo, mas hoje sei, que eu não posso deixar que outras pessoas tomem as decisões por mim e que meu voto seja o reflexo de uma opinião rasa formada pelos fragmentos que poucas vezes dei atenção.
Me sinto confusa e perdida, é claro. Já que são 500 anos de história, contextos, reações, mentiras, ideologias que devem ser levadas em consideração na hora de se formar uma opinião atual e futura.
Mas resolvi começar, e não tem melhor maneira de aprender do que ver os fatos, então fui até a reunião proposta - eu ainda não sei exatamente por quem - para fazer a manifestação aqui em Ribeirão na próxima quinta-feira.
Cheguei ao coreto da Praça XV, e não vi nenhuma movimentação, fiquei perdida, “talvez as pessoas estivessem atrasadas?”. Fui andando para ver se achava algum fluxo pra seguir e chegar às pessoas que tinham 'convocado' a reunião, vi um casal, a moça carregava uma cartolina dobrada, onde dava pra ver o escrito "#vem", estranhei, "hoje não era a reunião?". 
Bom, fui atrás deles, tímida e com uma indagação contínua: "será que eu deveria mesmo estar aqui?", pensei isso o caminho todo, mas insisti, ouvi várias pessoas gritando juntas, na TV e internet chamam isso de 'palavras de ordem', acho que é a mesma coisa, mas eu estava longe ainda, só ouvia um coro baixo, cheguei à esplanada do Pedro II, muitas pessoas, não sou boa de estimativas, mas pelos comentários tinha por volta de 300 a 400 pessoas, "O que é isso? E eu achando que ia encontrar umas 20 pessoas impondo o que seria feito”.
O que eu encontrei? 
Ânimos exaltados, a maioria jovens ansiosos por gritar e fazer parte de um movimento tão grande. Mas ali tinha todo tipo de gente, senhoras, casais, estudantes do ensino médio, gay, advogado, catador de papelão, gente de partido político, mendigo, integrante do MST, oportunista, candidato a prefeito da cidade na eleição passada, candidato à vereador se aproveitando da situação, estudantes de filosofia, de biologia, aprendiz de comunista, gente que detesta a bandeira brasileira, gente que acha aquele circo todo uma palhaçada, playboy que foi pra lá achando que ia descontar toda a sua raiva sem causa em alguma manifestação violenta, playboy que estava, assim como eu, tentando entender tudo isso que está acontecendo nos últimos tempos, professor da escola publica da cidade preocupado com o rumo das coisas e defendendo a defesa pela educação, rappers, "peões" como se intitulou um dos homens que defendeu a manifestação pelo transporte de ônibus. E vi jovens engajados, que mesmo com todo o furdunço e em meio a gritos eufóricos conseguiram levar a reunião para um objetivo coerente e democrático (pelo bem da minha esperança), embora a paciência ficasse a ponto de explodir com as insanidades ditas, vez ou outra.
Os jovens que começaram essas manifestações no Brasil, injetaram energia e coragem nas pessoas, e elas estão soltando a torto e a direito as opiniões rasas que tinham sobre tudo, não condeno, é natural, é difícil controlar a euforia, todo mundo quer participar, e no fundo, quase ninguém sabe exatamente por que está lá, mas foram e ouviram as outras opiniões, ouviram relatos, discutiram, ponderaram e votaram no que acreditavam.
Uma parcela muito pequena, mas muito pequena mesmo, me pareceu intransigente, acreditando cegamente em uma opinião mal pensada.
Provavelmente, depois que essa festa bonita acabar perca-se mais da metade das pessoas que aderiram ao movimento de forma direta, mas com toda certeza, isso tudo mudou a minha concepção de relação entre indivíduo e sociedade. 
Quinta eu vou também, se você vai, pense no motivo de estar indo e não se deixe manipular por qualquer sinal mínimo de esperteza alheia, pense, questione, converse, esse é o caminho.
Eu não posso defender uma suposta opinião a ferro e fogo, eu ainda não sei qual é o ferro e nem qual é o fogo.

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