quinta-feira, 27 de setembro de 2012


Em mais uma das provações que temos que passar na vida, fiz outra descoberta a meu respeito.
Percebi que eu realmente não gosto de fazer coisas erradas, não por ser uma boa garota, querer aprovação ou ter boa índole, a verdade é que quando se faz coisas erradas adquiridos cúmplices, e a partir daí colocamos nas mãos de outra pessoa a decisão pelo próximo passo a ser dado, nos tornamos dependentes e ser dependente é  o princípio de todos os meus traumas. Prometi com a minha prepotência de uma menina que nem tinha alcançado a adolescia que eu não me deixaria tornar dependente de nada e nem de ninguém por qualquer motivo que fosse, e desde então construi meu alicerce na base de a todo custo ser por mim somente eu.
É mais cômodo se assumir do mal do que sustentar toda a estrutura de um bem inexistente.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

"Eu sei, companheiro! Bunda seduz. Peito seduz. Vestido mostra útero seduz. Seduz quem quer um troféu. Seduz quem quer uma noite. Seduz qualquer ser que tem o tesão como objetivo singular - como se a vida se resumisse numa odisséia sexual. Depois que você se conhece, depois que você se ama e descobre o que quer - o que te seduz é a sintonia. Sintonia de essência. Sintonia de horizontes. Sintonia de pensamentos. Sintonia de cheiro, de respeito, de amor próprio. Sintonia… Essa menina rara, que brinca de esconde-esconde. Que parece impossível, que se mostra ausente dia após dia - e que numa hora, num segundo, num verdadeiro passe de mágica - desce do céu e te mostra que os desencontros valeram, que todos erros e tudo mais aconteceu do exato jeito que tinha que ser. E então, finalmente, sua fé em Deus e cada uma de suas prosas com ele ganham um sentido maior - não parece que é amor - não tem jeito nem cara de amor - é amor, apenas amor - e isso basta."

segunda-feira, 24 de setembro de 2012


Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma mulher como as outras. Me sinto esquisita à beça usando um lencinho amarrado no pescoço. Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo. Quem me vê caminhando na rua, de salto alto e delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém desconfia do meu anti socialismo interno.
Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa. Penso como um homem, mas sinto como mulher. Não me considero vítima de nada.Sou autoritária, teimosa, impulsiva e um verdadeiro desastre na cozinha. Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia. Vida doméstica é para os gatos.
Tenho um cérebro masculino, como lhe disse, mas isso não interfere na minha sexualidade, que é bem ortodoxa. Já o coração sempre foi gelatinoso, faz eu dizer tudo ao contrário do que penso: nessas horas não sei onde vão parar minhas idéias viris. Afino a voz, uso cinta-liga, faço strip-tease. Basta me segurar pela nuca e eu derreto, viro pão com manteiga.
Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Acho que sou promíscua.Sou muitas mulheres numa só, e alguns homens também."

Martha Medeiros