quinta-feira, 31 de maio de 2012

quarta-feira, 30 de maio de 2012


Eu não pertenço a lugares, eu não pertenço a pessoas, estou sempre de passagem nunca chego à destino algum, passo a vida rodeada de pessoas, mas tenho só a minha própria compania. O tempo que fico é indeterminado, e por mais difícil que seja admitir, não acredito em 'Para Sempre'.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Vendo aquela foto percebi que as recordações que tenho de você estão ficando cada vez mais escassas, me forcei a lembrar da sua voz sem sucesso, olhei fixamente para seu rosto durante alguns minutos acreditando que você pudesse mudar de posição, mudar a direção do olhar e talvez olhar nos meus olhos para que eu me lembrasse claramente de um gesto, um trejeito ou um afago.
Tenho saudades pai.

quarta-feira, 23 de maio de 2012


Quero te fazer um pedido, mas vou fazê-lo por escrito para que assim as palavras me ajudem a organizar os meus sentimentos sempre tão confusos.

Peço com o coração apertado e doído e o corpo trêmulo que não me olhe nos olhos se eu não for a menina dos teus olhos.

Que não me segure à mão se para você já não seja mais necessário certificar-se que estou aqui.

Não sorria, por favor, se esse já não for mais aquele sorriso que vi pela primeira vez e que eu tinha absoluta certeza ser o motivo.

Vá embora, se a minha ausência já não for mais notada, vá embora se já não tiver mais vontade de me tomar nos braços e me levantar tão alto me dando a sensação de tocar o céu.

Me deixe sozinha agora se for me presentear com uma ausência por dia, e uma lágrima por noite.

Não quero receber meio amor, meio sorriso, meia presença.

Eu preciso me doar inteira, ou não me doar nada.

Eu preciso ter você comigo, ou ter você longe de mim.

Preciso de abraços inteiros, afagos inteiros.

E se enquanto estiver lendo tudo isso sentir que algumas dessas coisas já aconteceram, é hora de ir, já não sou mais sua menina.


terça-feira, 22 de maio de 2012

CORAGEM

Tati Bernardi
Se meu coração não se emociona mais com a presença dele, fiquei me perguntando o que eu estava fazendo ali.
Se não sonho mais, não planejo mais, não desejo mais, não espero mais nada, o que eu estava fazendo ali?
Não te amo mais, queria dizer a ele, pela primeira vez, sem esperar que ele sofresse com isso. Sempre quis que ele sofresse com esse dia. Mas justamente porque eu não o amo mais, nem quero mais que ele sofra. Aliás, não quero mais nada. Só ir embora.
Claro que sobrou um carinho, uma amizade, uma graça. Mas tudo aquilo que era gigantesco, tudo aquilo que parecia ser maior do que eu mesma, que me soterrava, que me transportava pra outra realidade...tinha acabado. Então, por quê?
Quero namorar esse homem? Não. Quero casar, ter filhos, envelhecer ao lado dele? Não mais. Nunca mais. Quero dormir com ele, ainda que daquele jeito errado em que minha solidão procura um abraço e a solidão dele procura sei lá eu o quê? Não. Quero reviver uma memória pra me sentir viva, emprestar uma alegria pura do passado? Não, tô fora de continuar sempre no mesmo lugar, me roubando minhas próprias histórias.
Quero lamentar a falta de um beijo inteiro, um abraço de verdade, um carinho sem medo e uma atenção entregue sem nenhum egoísmo? Não. Não quero mais mudar ou fantasiar ninguém. Deixa o mundo ser como é. Deixa ele ser como ele é.
O que eu queria, que era jogar uma conversa fora com uma pessoa que me conhece tão bem e há tantos anos, eu já tinha conseguido. Matar o tempo, rir da alma. E só. Coisa de no máximo uma hora. Mas eu já estava lá há duas.
Quando ele finalmente parou de falar e a minha cabeça parou de gritar, o silêncio me contou um segredo que há muito tempo eu já desconfiava: é preciso coragem pra sair do automático.
Quando minha mãe briga comigo, mesmo ela sendo uma senhorinha fofa e eu tendo o dobro do tamanho dela, sinto uma espécie de medo descabido e antigo, como se eu ainda fosse aquele menininha de maria-chiquinha. É o sininho do Pavlov, que fazia o cachorro babar por comida mesmo que não estivesse mais com fome. A mente é automática, viciada, comandada, acostumada.
Quando entro em um avião, mesmo eu tendo mais de trinta anos nas costas e milhas acumuladas de muitas viagens, minha mente insiste em me mandar lembranças da mesma menina de maria-chiquinha, que tinha medo de ficar longe da mãe, que passava mal longe de casa, que odiava lugares fechados e altos.
E é por isso que quando ele, a pessoa que eu mais amei no mundo (amei sem os bloqueios e sem a amargura que veio depois de tanto amor) me pede pra ficar, eu fico. Se alguma química do meu cérebro obedeceu aquela voz por anos, por que haveria de parar de obedecer agora?
Mas ontem, quando finalmente peguei minha bolsa e fui embora, senti um alivio imenso e novo. E combinei que meus pensamentos condicionados não mandam mais nada. Nadinha. Chega de ser comandada pela parte mais sem alma da minha existência.
Ainda que encarar um coração vazio seja mais assustador do que obedecer à velhos padrões, o prazer da coragem é sempre muito maior que qualquer susto.

segunda-feira, 21 de maio de 2012


A gente julga, aponta, ri, tira sarro, fala alto, se irrita, mas nunca sabemos o que se passa naquela vida que está a nossa frente.
Desconhecemos todas as estruturas e desestruturas que esconde aquele rosto arrogante e teimoso.
Nunca vamos saber o que houve para aquele homem falar tão baixo, será que já nasceu com esse olhar tão desesperançoso, que faz os movimentos do corpo parecerem tão pequenos e desacreditados?
O que houve para aquele menino ser tão hostil?
Em que parte do caminho ela perdeu as cores e a vontade de sorrir?
Só cabe a nós vermos a carcaça, é só o que podem nos mostrar, é só que podemos mostrar.
Vemos o sorriso amarelo, o exagero de meiguice falsa, as palavras ríspidas, a risada sarcástica, a responsabilidade irritante, o olhar distante, o cumprimento desinteressado, a angústia ansiosa e eufórica, as palavras mesquinhas, a autoridade excessiva, o humor estonteante fora de hora, a alternação constante de temperamento.
Nunca vamos saber a origem de cada uma dessas defesas tão singulares, não deveríamos nos esquecer que cada indivíduo tem motivos suficientes para ser quem é.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

E existem as pessoas normais, as pessoas com perfis normais, irritantemente iguais a todo mundo, e elas querem vidas comuns, elas querem tranquilidade mas não simplicidade, elas querem casa, carro, dinheiro, e a ultima coisa que querem são sentimentos, sentimentos dão trabalho, sentimentos sufocam, não só os ruins, o amor sufoca, a alegria sufoca, a dor sufoca, nos falta o ar, falta porque chega um ponto que as sensações não cabem no peito e precisam explodir e elas não aguentam o fato do peito precisar explodir, as lagrimas ardem os olhos - chorar é feio, não se pode chorar, não se pode viver, tem-se que aguentar! A gente sobrevive para aguentar, aguentar a vida comum e sem graça, a rotina banal e sonsa que mastiga a salada sem sal e te obriga a sorrir.
Viu como o dia está bonito hoje? Está um típico dia de outono!
Fresco com um sol forte, mas que não queima.
O outono me traz sensações muito boas, e toda vez que sinto coisas boas penso em você, como hoje enquanto eu estava voltando para o trabalho.
Fico feliz de tempos em tempos quando penso no fato de ter te achado.
E a ultima coisa que penso é no seu sorriso se soubesse desse pedacinho do meu dia.