A gente julga, aponta, ri, tira sarro, fala alto, se irrita,
mas nunca sabemos o que se passa naquela vida que está a nossa frente.
Desconhecemos todas as estruturas e desestruturas que
esconde aquele rosto arrogante e teimoso.
Nunca vamos saber o que houve para aquele homem falar tão
baixo, será que já nasceu com esse olhar tão desesperançoso, que faz os
movimentos do corpo parecerem tão pequenos e desacreditados?
O que houve para aquele menino ser tão hostil?
Em que parte do caminho ela perdeu as cores e a vontade de
sorrir?
Só cabe a nós vermos a carcaça, é só o que podem nos mostrar,
é só que podemos mostrar.
Vemos o sorriso amarelo, o exagero de meiguice falsa, as
palavras ríspidas, a risada sarcástica, a responsabilidade irritante, o olhar
distante, o cumprimento desinteressado, a angústia ansiosa e eufórica, as
palavras mesquinhas, a autoridade excessiva, o humor estonteante fora de hora,
a alternação constante de temperamento.
Nunca vamos saber a origem de cada uma dessas defesas tão
singulares, não deveríamos nos esquecer que cada indivíduo tem motivos
suficientes para ser quem é.
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